quinta-feira, março 12

Palavras

Um de nós caminha no lado errado da rua.
Talvez fosse o nosso viver assim: dependente das escolhas da sorte.
O cansaço era mútuo; ambos sabíamos que não iria existir perdão por todas aquelas noites que passamos em claro, sem sono, atrás de amores, vivendo incessantemente delírios e, silenciosamente, ansiando conforto.
Queremos ambos lutar; mas, calma, precisamos de respirar. Isto pode tratar-se da sobrevivência do que somos um para outro, mas mais parece ser uma história do “faz de conta”.
Tu apontas num papel com destreza toda a saudade que tens, com aquele teu lápis azul que quase nem se vê, e somas tudo como se fosse uma conta de somar dias falhados e, consequentemente, subtraindo oportunidades perdidas. Isto tudo era sonho, solidão: amor.
Os comprimidos, seguidos de um café forte na esplanada junto ao rio, era o método falso de encontrares calma. 
Procurávamos o mesmo; queríamos ambos ser aqueles gatos, lá em cima no telhado, que passam a noite junto a olhar o céu, queríamos prazer, delicadeza e aconchego. Mas tudo o que encontrávamos era confusão, desilusão e acções cheias de falso altruísmo; mas sonhávamos.

Sabes, um de nós caminha no lado errado da calçada;
E sou eu.
Afinal, tudo isto é imaginado.

1 comentário: