quinta-feira, outubro 9

Talvez não seja hoje

- Que se passa? Pareces abatido.
- O que se passa? A vida… é o que se passa.

A conversa prolongava-se minuto sim, minuto não sendo interrompida nos minutos sim pelo silêncio de ambos ou pela sede que se fazia sentir. Tudo somado – minutos sim e minutos não – a conversa levava horas, como sempre.
Entre as dúvidas de sentimentos e o sentimento de dúvida, os dois, desvendavam os seus segredos. Eram conversas normais, por vezes até mesmo banais em demasia, mas cheias de “eu”, “tu” e um “nós” tremido. E, era aqui que duvidavam.
Dizer que sim ou que não; dizer “quero-te” ou “amo-te”. Tudo era fácil, bastava abrir a boca e quebrar o silêncio, por vezes, sórdido. Os dois sabiam disso, por isso duvidavam; por isso se desafiavam a estar juntos.

- É tarde. Tenho de ir. Mas, tenho de perguntar, é hoje que me deixas?
- Não; talvez não seja hoje.

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